terça-feira, 4 de setembro de 2012

Carta de um louco para um maluco


Era meia noite: o sol brilhava entre as trevas de um dia claro e bonito. Um homem vestido sem roupa, com as mãos nos bolsos, estava sentado de pé numa pedra de pau á beira de um rio seco. Ele dizia: “Eu prefiro morrer, a deixar de viver”
Naquele momento, um surdo estava ouvindo um mudo falar e um aleijado corria atrás de um carro parado.
Bem longe daqui perto, um senhor moreno careca penteava seus lindos cabelos loiros.
À noite, durante o dia senti uma apetitosa falta de comer em pratos sem alimentos. Vi peixes treinando natação num lago seco e outros se suicidando para viver.
Ao acordar dormindo, sonhei que estava dormindo; quando acordei, percebi que eu estava dormindo.
Enquanto isso um cego disse que via passarinhos pastando e vacas pulando de galho em galho á procura de seus ninhos.
Vi então, um sujeito comendo o guardanapo e limpando a boca com o bife. Assim comecei a declamar uma poesia, calando-me diz: “Mais vale um morto vivo do que um vivo morto”.
Quando acordei com o despertador na cama, levantei-me deitado, do relógio e me preparei para mais um dia de descanso com muito trabalho...



Comadre Fulozinha - Mitos Nordestinos




Histórias da guardiã da mata



Comadre Fulozinha, conforme nos ensina o mestre Câmara Cascudo, é um ente mitológico, uma fantástica e misteriosa mulher que vive na floresta, sempre pronta a defender animais e plantas contra as investidas dos predadores da natureza. É uma caboclinha que tem longos cabelos negros, que lhe cobrem o corpo.



Ela é caminhante, brincalhona e vive na Zona da Mata de Pernambuco. Consegue desaparecer sem deixar rastro e adora fazer tranças na cauda dos cavalos. Ela protege a caça contra os caçadores, desorientando-os com seus assobios e fazendo com que eles fiquem perdidos na mata. Adora receber presentes como mingau, confeitos e fumo.



Se ta difícil de acreditar, então veja esse depoimento de João Balado. Caboclo veio sertanejo, ele jura que já viu o Lobisomem e Comadre Fulosinha.






Uma história da Comadre Fulozinha
Zeza trabalha com a família há uns 30 e muitos anos. É nossa cozinheira e faz uns quitutes irresistíveis! Cozinha no fogão a lenha, faz canjica, cuscuz de massa, cocada, bode assado, guisado e um pão integral maravilhoso!



Enquanto ela fica cortando rabanete, nabo, picando alho-porró, cortando jambu, conta as histórias deste lugar. Estamos na área rural do município de Gravatá, uma área de transição entre Zona da Mata e Agreste. Neste brejo de altitude, ela nasceu e se criou e conta o que viu e ouviu desde pequena.



Perguntei-lhe sobre a Comadre Fulozinha e ela me disse que seu tio fez um pacto com a Comadre: todos os dias colocaria na mata um prato de barro cheio de mingau de massa de mandioca. Em troca, ela o “deixaria” caçar um animal dentro da mata. Mas somente um. Todos os dias ele mandava sua esposa fazer o mingau. Ela fazia sem questionar, mas ficava sempre um pouco desconfiada. Todos sabem que a Comadre não pode com pimenta. Nem pense em oferecer ou colocar na sua comida que ela fica muito brava!



Um dia, já cansada de fazer o tal mingau, a esposa decidiu colocar pimenta e entregou o prato ao marido sem dizer nada. Naquele mesmo dia, o caçador não encontrou sua caça e se perdeu na mata. De manhãzinha, chegando em casa, perguntou à esposa o que ela havia feito e soube o que ocorrera.



A mesma Zeza conta, ou melhor, perdeu a conta de quantas vezes teve que desatar as tranças das caudas dos cavalos que a tal Comadre Fulozinha fazia. Diz que era tão difícil desatar, chegava a criar calo na ponta dos dedos!



Caso conheça alguma história sobre Comadre Fulozinha, entre em contato ou deixe um comentário relatando.